Jejum intermitente

07/12/2016 10:19

O jejum intermitente é uma estratégia nutricional, que está na moda entre os famosos, mas não se trata de nenhuma novidade. Como o próprio nome já diz, o indivíduo deve ser submetido ao jejum, ou seja, à abstenção de alimentos por um determinado período, mas por períodos intercalados, ou seja, não pode ser feito continuamente.

O ser humano foi "programado" por um processo de evolução para armazenar energia, devido à falta ou pouca disponibilidade de alimento na antiguidade. Hoje, a disponibilidade e a facilidade em adquirir os alimentos é outra, mas o genótipo humano não mudou e continuamos depositando energia na forma de gordura.

A prática de jejuar não é nova, mas estudos mais recentes têm dado maior atenção ao tema e dado maior segurança em se praticar na clínica essa intervenção. Estudos com animais e humanos têm gerado subsídios, que asseguram seus benefícios. Um grupo de indivíduos, que tem contribuído muito ao melhor entendimento das consequências metabólicas dessa intervenção está formado por muçulmanos, que no seu mês sagrado, o Ramadan, submetem-se ao jejum por, aproximadamente, 12 horas por dia; sendo um grupo alvo muito interessante e bem aproveitado em estudos à cerca do tema.

O jejum intermitente está sendo utilizado na prática clínica em diferentes estratégias, que variam em tempo em horas para o jejum, bem como em composição do cardápio ao longo do dia e na quantidade de energia em kcal ingerida por dia. A restrição calórica acompanha o jejum intermitente, seja no dia do mesmo ou ainda nos dias que se alternam a ele, podendo variar entre 25 a 85% de restrição calórica em relação às necessidades energéticas basais. Alguns estudos já analisaram períodos de até 60 horas de jejum, outros de até mais de 30 dias, sendo este no grupo de religiosos. Na prática clínica, o jejum pode ser feito por períodos mais curtos de 12 ou 16 horas em dias intercalados e com ajuste de macronutrientes. Períodos maiores podem ser praticados, depende do caso!

Os estudos são realizados em pessoas saudáveis, logo pacientes com alguma patologia devem ter maior prudência em aderir ao jejum. Mesmo em pessoas saudáveis pode haver algum desconforto em fazê-lo, estas podem ser acometidas por sintomas leves como dor de cabeça, tontura e mudança de humor. Pacientes com déficit nutricional não podem se submeter ao jejum sem orientação profissional, sob risco de reduzir ainda mais os níveis do nutriente já em falta, acarretando prejuízo de funções orgânicas vitais, podendo gerar doenças.

Os benefícios com essa intervenção são vistos na modulação genética em humanos, no favorecendo ao metabolismo, com a melhora no perfil lipídico (reduz colesterol total e o LDL, aumenta o HDL e reduz os triglicerídeos), ela melhora a sensibilidade à insulina, reduzindo a glicemia; aumenta os níveis de adiponectina e reduz os marcadores inflamatórios como a interleucina-6, TNF-alfa e a proteína C reativa. A perda de peso é um dos benefícios mais apreciados pela população em geral.

O risco para as doenças relacionadas ao metabolismo - obesidade, DM II e síndrome metabólica é reduzido; e, consequentemente, reduzem-se os riscos para as doenças cardiovasculares, com a redução da pressão arterial e da frequência cardíaca. Além disso, o jejum intermitente tem ação neuroprotetora, aumenta a plasticidade neuronal, melhorando a cognição, prevenindo doenças neurodegenerativas. Há uma melhora na função mitocondrial e aumento da resistência ao estresse oxidativo, com redução de espécies reativas de oxigênio - os radicais livres. Com isso, doenças são prevenidas, seja pelo melhor rendimento energético celular, mediado pela função mitocondrial, seja pela ação antioxidante; e tudo isso garante um envelhecimento saudável.

 

"Para aderir ao jejum intermitente procure por orientação profissional!"

Dra Jalhdelene C T Madeiros

Especialista em Nutrição Ortomolecular e Nutracêutica Clínica

Bioquímica, Citologista Clínica, Ozonioterapia e Estética

CRF-AL-566/ CRN6-31253